O Ateliê de Cerâmica, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, surpreende da porta de entrada à área de produção
Insta: Gabriel Castro – O Ateliê de Cerâmica
Visitei O Ateliê de Cerâmica uma única vez, o suficiente para ficar encantada com o trabalho da Luiza Soares, Daniel Romeiro e Flávia Soares e também com o espaço, da porta de entrada à área de produção. Deixou aquela vontade nostálgica de querer voltar lá muitas vezes, o que espero que não demore muito para acontecer. E o que há de tão especial lá? Tudo. Absolutamente tudo.
O carinho da acolhida dos três ceramistas e a experiência de passar uma tarde naquele lugar, os objetos cerâmicos que eles criam, entre utilitários e peças decorativas, tudo envolve o visitante em uma aura muito particular, própria d’O Ateliê. Localizado em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, o espaço existe desde 2002, mas a partir de 2014 tem merecido ampliações e reformas que o deixam com características cada vez mais peculiares.
O projeto de arquitetura foi elaborado pelo arquiteto Gabriel Castro (MOBIO Arquitetura) juntamente com o trio de ceramistas, que também possuem formação em arquitetura e design. A loja logo na entrada já causa um impacto positivo, pelo cuidado dedicado ao espaço, a forma expositiva das peças, o que permite uma sensação de tranquilidade a quem entra ali pela primeira vez.
Há um anexo multiuso conectado à fachada posterior da edificação, que atende a diversas atividades como montagens especiais para apoio à loja, exposições temporárias e pequenos eventos. Construído em estrutura metálica com fechamentos em vidro e telha termoacústica com forro de madeira pinus, o anexo se vale de vedações transparentes para integrá-lo à vegetação circundante e portas de correr que permitem abertura completa para o jardim suspenso.
Ponto central do conjunto, o pergolado da área externa é um espaço delicioso ao ar livre, onde uma mesa coletiva é sombreada por um envolvente jardim suspenso. Vale destacar o paisagismo que, junto ao acervo de várias espécies de orquídeas, tilânsias e folhagens cultivados há mais de 20 anos, contempla também plantas simples como a taioba, com suas folhagens robustas, o dinheiro-em-penca utilizado como forração para o talude que divide a edificação em dois níveis, e a trapoeraba-roxa que brota entre os vãos de uma escada de cimento queimado, logo na entrada. Na varanda de telha cerâmica adjacente ao jardim suspenso foi instalado um café para atender os clientes que podem experimentar as peças d’O ateliê em uso. Cada momento passado nesse ambiente pode ter um resumo breve: estar nele é extremamente prazeroso.
É na parte alta do lote que se localiza o espaço de produção, que teve sua dinâmica otimizada, com edificação de montagem rápida e tipologia industrial. Nessa porção do lote há um desnível de 55cm entre dois patamares em função do arrimo de contenção que foi mantida e serve também para setorizar as etapas de produção da cerâmica artesanal, realizada pelos próprios ceramistas. No patamar superior foram distribuídas a área de modelagem à mão, esmaltação, pias e armários; enquanto no patamar inferior foram organizados os fornos para as etapas de queima da cerâmica com sistema de exaustão do ar quente, área dedicada a acabamento das peças e espaço para modelagem com torno.
O que há de tão especial nesse lugar? Volto à questão do início do texto e só consigo obter a mesma resposta: tudo, absolutamente tudo.