Jóia do modernismo brasileiro transformada em espaço cultural, essa residência amplia o legado de um dos nossos mais célebres designers
Insta: CASA ZALSZUPIN – LISSA CARMONA – ETEL – ALMEIDA & DALE GALERIA DE ARTE
Da rua dá para ver pouca coisa da casa, pois ela está aninhada logo atrás de uma grande árvore centenária. Trata-se de Casa Zalszupin, uma jóia da arquitetura moderna brasileira, localizada no bairro Jardim América na capital paulista. Em 2020, a ETEL, empresa responsável pela reedição das peças de mobiliário de Zalszupin, transformou a casa em um espaço cultural que busca proteger o acervo e ampliar o legado do designer através de exposições, palestras, aulas e pesquisas.
Assim como a casa, todos os móveis e obras de arte em exibição são assinados pelo arquiteto, que nasceu na Polônia e se mudou para o Brasil em 1945. Algumas peças são do acervo pessoal de Zalszupin e trazem as marcas do tempo, outras são reedições originais da coleção ETEL.
Com curvas limpas e ângulos precisos, suas peças tem um quê de origami, como a célebre mesa de centro Pétala, feita de pau ferro e o teto curvo de pinho de riga do imóvel. O piso cerâmico rústico, a parede de pedra, a escada em jacarandá e vidros coloridos nas janelas compõem esse espaço da vida doméstica que é tão moderno quanto brasileiro.
Projetada em 1960 e finalizada em 1962, a casa foi concebida para o arquiteto e sua família, que lá viveram por quase 60 anos. Ela combina traços do modernismo local com influências que o arquiteto trouxe consigo da Europa. Nela, ele experimentou e mesclou diferentes referências, desde elementos tradicionais brasileiros, como os tratamentos de paredes em estuque bruto, até o teto curvo de madeira com aspecto escandinavo.
Os interiores têm uma sequência cuidadosamente orquestrada de contrações e expansões espaciais, tetos baixos que dão lugar a espaços de pé direito duplo e aberturas que calibram cuidadosamente as vistas e as luzes com um efeito mais envolvente e uma sensação geral de abrigo.
Além do programa residencial, a casa também abrigou o escritório de Zalszupin — um espaço amplo, com mesa de reunião e prancheta de desenho, que parece ter sido mantido intacto desde o falecimento do arquiteto em agosto de 2020.
FOTO DE CAPA – RUY TEIXEIRA