Até onde a vista alcança

Como tapeçarias pintadas à mão, sob efeito de ondas, luz e tempo, a pintura de Sandra Mazzini arrebata e surpreende

Insta: SANDRA MAZZINIJANAINA TORRES GALERIA

Repare bem nas imagens que você vê nesse post. E, se possível, busque pelo nome de Sandra Mazzini – uma das mais surpreendentes jovens artistas do século XXI –  para conhecer outras muitas assinadas por ela.

Se possível, conheça-as de perto, ao vivo. A artista, que nasceu em São Paulo em 1990, onde vive e trabalha, consegue trazer o espectador para dentro de seu processo e propõe uma realidade alterada por meio da estrutura, da escala, do recorte e da gradação de cores, visíveis em suas telas.

Diferente da música Varanda Suspensa, da cantora Céu, aqui não é descansar a vista, mas instigar a vista, até onde a vista alcança, de uma zona temperada, até onde o sonho te leva.

Um trabalho que mistura rigor e espontaneidade em pinturas exuberantes que ativam a visão de quem o observa. Pesquisas na web servem para a artista como “natureza”. Mazzini reúne registros originais, que se somam a resíduos de imagens resgatadas de sua memória afetiva.
O resultado são telas que reproduzem uma certa fragmentação contemporânea e a geometria cibernética dos pixels.

Imagens que são construídas e reconstruídas em múltiplos detalhes, em uma obra que cuida de cada retângulo como uma tela em si – pinturas dentro da pintura, aproximando-se, em certos momentos, da abstração, formando paisagens complexas e fascinantes.

Como diz o texto da artista Leda Catunda, uma das expoentes da Geração 89,  o trabalho de Sandra Mazzini, “trata-se de uma realidade em via de transmutação, como se a artista propusesse uma visão poderosa, alterando o real para em seguida reapresentá-lo repleto de nuances particulares e vibrações improváveis.”

“Na pintura de Sandra Mazzini, as imagens que são utilizadas, são processadas e reprocessadas digitalmente, são retrabalhadas manualmente de modo a exigir um olhar ativo, um olhar construído obrigando o observador a produzir e reconstruir as imagens propostas nas telas”, também observa o artista e professor Sérgio Romagnolo.

Sua obra consegue reunir contrastes. “Nela se integram técnicas do passado e do presente, em desafiadora harmonia. Recursos digitais se mesclam à uma apurada técnica de pintura, a figuração se ancora na abstração e a precisão alimenta o gesto largo” , escreveu Denise Mattar, atualmente uma das mais importantes curadoras de artes plásticas do Brasil.

Exposição no Farol Santander, São Paulo, 2022. Narração da curadora Denise Mattar.

Também é de sua autoria o trecho a seguir, sobre a arte de Sandra Mazzini: “Seu trabalho borra as categorias tradicionais de pintura, fotografia e desenho, e se reveste de indiscutível contemporaneidade, imersa numa visão idílica da nossa natureza exuberante. Ao mesmo tempo cada trabalho é permeado por um pulsar constante, por uma vibração que extrapola a paisagem nele representada. O trabalho de Sandra Mazini proporciona uma visão luminosa das possibilidades do futuro, um bálsamo para o tempo ardido que vivemos.”

FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS PELA ARTISTA

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