Descoberto pelo IA Outro Preto, artista que nasceu em Lavras Novas, em MG, faz sua primeira individual em São Paulo, na Gomide&Co
Insta: Advânio Lessa – IA Ouro Preto – Gomide & Co – Bel Gurgel
Impossível falar da exposição de Advânio Lessa, que abre hoje em São Paulo, na Gomide & Co, com grande repercussão, sem falar no Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA) e sem falar em Bel Gurgel, à frente do instituto. Como diz a curadora da mostra, Valquíria Prates, “uma coisa boa quase sempre leva a outra…”
Advânio Lessa nasceu e vive em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto (MG). Tanto o seu local de origem, marcado pela herança quilombola, quanto os ofícios de seus pais – ela cesteira e ele tropeiro – são partes fundamentais do universo no qual se baseia sua poética como artista e agricultor desde a adolescência.
Em suas esculturas em escala humana a partir de troncos de madeira de árvores mortas, raízes e trançados de cipó, o artista vincula os conhecimentos da cestaria e da marcenaria com madeiras e fibras encontradas nas matas da região de Ouro Preto e vai além.
É em estreito diálogo com esse repertório que Lessa realiza suas obras, nas quais a natureza é uma espécie de coautora. Para Bel Gurgel, que conhece Advânio há mais de 20 anos, a exposição que abre hoje é um testemunho eloquente do compromisso incansável do IA Ouro Preto na descoberta e promoção de talentos que, por muito tempo, permaneceram à margem dos principais circuitos artísticos.
A trajetória de Advânio como artista teve como mola propulsora o programa RAIZ, promovido pelo IA, que realiza exposição individual e publicação de livro a partir de mapeamento, acompanhamento curatorial e pesquisa para catalogação e circulação do trabalho de artistas contemporâneos com mais de vinte anos de produção, na região dos Inconfidentes, em Minas Gerais.
A partir dalí, Advânio começou a ter ainda mais visibilidade, culminando com a aquisição recente da Pinacoteca de São Paulo de um trabalho seu e também com a atual individual na capital paulista. Redemoinho Não Neva Pilão, nome da exposição apresentada pela Gomide&Co e Galeria Marco Zero, inaugura o programa anual de exposições da Gomide&Co em 2024.
Nela, um circuito composto por seis esculturas, tramas e flores de cipó-de-são-joão, pilões e milhares de grãos de café em côco que se interligam, formam uma grande instalação. A proposta é abordar os sistemas de produção em torno do cultivo desta que é uma planta tão comum no cotidiano de pessoas que vivem em todo o país.
O título da exposição é inspirado no provérbio Yorùbá “Ijì kìí kó gbódó” [O redemoinho não leva o pilão], retirado do livro Òwe – Provérbios, de Mãe Stella de Oxóssi, e que celebra a força dos que não são derrotados mesmo em condições e contextos adversos. Procura assim fazer alusão àqueles que são responsáveis pela construção e geração de riquezas, sob todo tipo de violência, opressão e injustiça, em todas as áreas de atuação humana do país.
Como comenta Bel Gurgel, tudo isso simboliza não apenas o percurso de um artista, mas também o potencial transformador da arte, quando sustentada por uma rede solidária de profissionais dedicados.
SERVIÇO
Exposição Redemoinho Não Leva Pilão, de Advânio Lessa, na Gomide&CO
Abertura:
06.03.2024, às 18h
Visitação:
07.03 – 04.05.2024
Segunda a sexta-feira, das 10h às 19h
Sábado, das 11h às 17h
Endereço:
Avenida Paulista, 2644.
São Paulo