Poltrona icônica da designer e arquiteta Juliana Vasconcellos inaugura mostra em NY. Seu trabalho, entretanto, brilha em todos os continentes
Insta: Juliana Vasconcellos
Ah, o instagram! Esse jeito fácil de se comunicar com o mundo, instantaneamente. É ruim, mas é bom, é bom, mas é ruim. Para quem sabe realmente tirar proveito da ferramenta, pode ser somente bom e ótimo. Foi o que aconteceu com a arquiteta e designer Juliana Lima Vasconcellos que viu a conexão de interesses sobre seu trabalho, lá fora, ampliar bastante nos últimos tempos. O que já era forte antes, ganhou ainda mais potência. Afinal, suas peças estão em uma galeria de Paris desde 2015, em outra em Milão desde 2017, só para citar alguns pontos internacionais, pois seu trabalho é reconhecido no mercado colecionável em várias partes do planeta. Naturalmente, uma coisa puxa a outra. Mas, sim, depois que o mundo ficou absurdamente mais virtual pela necessidade de isolamento social por causa da pandemia, o acelerador de divulgação, no caso da brasileira, disparou.
As peças que Juliana começou a criar em 2005, quando fundou sua empresa de design em Belo Horizonte, atendiam, inicialmente, à demanda de seus próprios projetos arquitetônicos residenciais e comerciais. Hoje, elas são requisitadas por escritórios de profissionais, a maior parte nos Estados Unidos, mas também no México, na França, na Espanha, em Portugal, na República Dominicana, Suécia, Hong Kong, na Rússia e por aí vai. Na capital mineira, é possível encontrar sua assinatura na São Romão, loja que tem foco em mobiliário de design contemporâneo. Em breve, entretanto, esta cena vai ganhar novos contornos.
É que Juliana está lançando marca própria, instalando-se em um pequeno showroom no elegante bairro de Lourdes, em BH. “Resolvi ter um espaço físico aqui para mostrar minhas peças e acredito que até o final do ano concretize outro ponto, em São Paulo”, comenta, ao dizer que tem fabricantes parceiros, mas não tem mais o foco de desenhar para a indústria ou outras marcas, embora ainda esteja com alguns desses projetos em desenvolvimento.
“Estou começando bem pequenininha. Estava querendo um escritório que tivesse um espaço maior, pois percebi que, enquanto lá fora as pessoas estão acostumadas a comprar mobiliário mais selecionado online, aqui, essa ação ainda é tímida. E como o padrão de comportamento do brasileiro ainda é esse, achei que estava na hora de apresentar algumas peças”, resume.
Mesmo assim, as novidades em outros países não param e, nos próximos meses, ela lança na The Invisible Collections, em Londres, uma coleção composta por quatro peças que irão conviver com outras, de grandes nomes do design, a maioria franceses.
Pergunto, entre tudo o que já produziu, qual o trabalho que mais gosta. Ela responde que é a poltrona Girafa, que por sinal faz parte do acervo do MAD – Museu de Artes e Design de Nova York. Ao criá-la, Juliana queria uma cadeira com volumes curvilíneos e, ao mesmo tempo, esguia e elegante. A base em madeira teve arestas e ângulos suavizados e arredondados em marcenaria impecável, à qual soma um assento macio, generoso como um abraço. Pois ela foi escolhida para fazer parte das 70 peças icônicas selecionadas para a mostra Craft Front & Centre, montada a partir da coleção permanente do MAD, que inicia no próximo dia 22 de maio. Entre os brasileiros na exposição, além de Juliana, estão os Irmãos Campana.
Mas não é só no instagram que o trabalho de Juliana Vasconcellos brilha. Ele tem merecido destaque em importantes publicações internacionais como a americana Interiors Magazine, a Elle Decor da Itália, da Espanha e da Suécia e por aqui, na Casa Vogue e, claro, aqui Tendências, onde seu trabalho, pela originalidade, conceito e excelência, terá sempre cadeira cativa.
Fotos gentilmente cedidas pela designer.