Projeto de residência assinada pelo arquiteto Fernando Maculan, da MACh Arquitetos, exibe sintonia fina entre o dentro e o fora
Insta: MACH ARQUITETOS
Implantada em uma região densamente arborizada, a Casa das Minas, projeto de Fernando Maculan, da MACh Arquitetos, parece um refúgio, embora tenha sido construída como residência permanente. Ela se localiza no bairro de Caieras, nas proximidades de Ouro Preto, cidade histórica do século XVIII, considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO.
O projeto usufrui da privacidade assegurada pela vegetação, garantindo à casa a possibilidade de total transparência. Há algo envolvente nessa transparência, como se, ao ser aparente, os espaços não se limitam às aparências, demonstrando exatamente o contrário com um conteúdo preciso e harmônico em seu interior.
E mesmo com tanta transparência, a relação entre dentro e fora é modulada pelos planos verticais e horizontais de concreto que estruturam as fachadas, num jogo de leveza e força, contrários que se tornam sinônimos pela intenção que o projeto alcança.
Há ainda aberturas visuais presentes também no teto de vários ambientes. Elas ampliam a percepção do tempo, ao possibilitar que variações de luz e das condições climáticas da região, como um céu azul profundo ou a densa neblina participem da cena interna da casa.
A área bruta construída é de pouco menos de 200m2, mas os espaços são tão generosos e bem distribuídos que a sensação é de uma casa maior do que sua medida. Basicamente é uma estrutura de concreto apoiada em todo o seu perímetro, com pilares de concreto no plano da sala, que são complementados por blocos de concreto e pilares moldados in loco.
Entre os materiais utilizados, vidro, esquadrias de madeira, paredes de blocos de concreto, laje também em concreto aparente e piso em cimento natado vermelhão, presente nos dois andares. A parte elétrica aparente utiliza tubulação em aço galvanizado e soma na proposta.
O terreno inclinado já sugeria os dois níveis: parte social com pé direito mais alto e quartos e área íntima em um patamar um pouco mais elevado. Na separação entre níveis, um armário contínuo com portas em treliça de madeira acomoda geladeira, som, e outros objetos. Em cima dele, um deck de cerca de 1m de largura acabou virando mais um espaço da casa, geralmente destinado à leitura.
O acesso à piscina se dá pela área externa, situada em um patamar que tem conexão para o teto da casa.
FOTOS – LEONARDO FINOTTI