Garagem do Cab, no Cabernet Butiquim, tem projeto com visual moderno e despretensioso e se vale da estrutura metálica aparente
Insta: Cabernet Butiquim
Localizado na área nobre da Savassi, região movimentada de Belo Horizonte, o Cabernet Butiquim – famoso por descomplicar o vinho – sempre ocupou a calçada com mesinhas, tendo uma oficina mecânica bem entre os dois ambientes que o bar oferecia (parece até a pedra no caminho do Drummond), logo no início da pandemia a área dessa oficina foi incorporada e batizada como Garagem do Cab. Estava prontinha para ser inaugurada em março do ano passado, mas demorou um pouco, por causa das restrições sociais, para o público conhece-la.
O anexo que complementa o bar original é direcionado para o universo da coquetelaria, o que fica evidente no projeto de adaptação do espaço, assinado por Paulo Augusto e Sarah Floresta, da Balsa Arquitetura. Ele utiliza estruturas metálicas aparentes, que ganharam várias funções e roupagens bem distintas e complementares.
A ideia da dupla foi seguir uma linha despretensiosa, sem grandes intervenções no ambiente, mas com várias adaptações dado o uso anterior. O espaço abriga um grande balcão, uma nova cozinha, um salão para clientes, banheiros, além de um depósito suspenso para abrigar as diversas caixas de vinhos do estabelecimento.
E a grande sacada dos arquitetos foi deixar tudo aparente. Dessa forma, os elementos funcionais passam a fazer parte da decoração de um jeito muito fluido e despojado, como a clientela do Cabernet já está acostumada. Se o vinho já dava o clima do lugar, a diversão ficou completa com a carta de coquetéis.
Efeitos especiais:
A estrutura do mezanino recebeu a cor vinho e delimita o espaço que abriga a nova cozinha, localizada ao fundo e, na parte frente da loja, o depósito de vinhos com as caixas expostas. A escolha do piso foi pelo ladrilho hidráulico, responsável pelo efeito leve e divertido que se estende por todo o salão. O balcão também é uma estrutura metálica solta e vazada, montado como se fosse uma grande mesa. A série de garrafas com vidros e líquidos coloridos complementam a atmosfera divertida da casa.
Um pouco da história que une o vinho ao empreendimento de Pablo Teixeira
A história do vinho se confunde com a história do homem. Está na Bíblia Sagrada, nos quadros, nos Deuses Gregos e Romanos (Dionísio e Baco, respectivamente) e principalmente no dia a dia de muitas pessoas. E hoje, descomplicar essa bebida que para muitos exige pompa e circunstância para ser bebida, ops, desculpe, degustada, exige uma arquitetura complexa. Procure no Google sobre os rituais que envolvem essa ação. Uma das primeiras que apareceu para mim foi a seguinte: “o ritual do vinho reza que você primeiro tombe o copo e observe a cor e sua densidade, depois, o cheiro. Após girar a taça para entrar mais oxigênio na bebida, observe de novo os aromas. O próximo passo é prová-lo e deixar que ele “passeie” pela sua língua, antes de engolir”.
Ok, esse passo a passo pode te levar a um momento de muito prazer e também de pavor, caso você ache que só quem entende de vinho e sabe fazer tudo isso é que está apto a sorver esse néctar milenar. Correto? Não. Beber vinho pode ser descomplicado e mesmo assim ser delicioso. Em Belo Horizonte, um dos primeiros bares (talvez o primeiro) a entender que o vinho podia ir para a calçada, da mesma forma que a cerveja a ocupa em todo canto, foi o Cabernet, aberto em março de 2015.
O proprietário Pablo Teixeira, sócio do estabelecimento junto com a irmã, Cacau Teixeira sempre pensou dessa forma. Ele já trabalhava com a bebida há oito anos, como representante, e sempre levou essa ideia para outros donos de bares e restaurantes. Como ninguém acreditava que isso fosse possível, Pablo resolveu fazer por conta própria.
Com quase sete anos de vida, o Cabernet virou um dos points queridinhos da Savassi, região movimentada de Belo Horizonte. Agradou principalmente o público feminino, algo que Pablo não imaginava que aconteceria, já que pesquisas apontam que os maiores consumidores da bebida são homens.
O certo é que desde quando as portas se abriram, o público também foi mudando e, digamos que, amadureceu com o tempo. É que as frequentadoras comentavam com os pais, que ficavam curiosos querendo conhecer a novidade e assim, vários casais também aderiram à onda.
E o que o Cabernet Butiquim tem de tão especial? “A ideia foi fazer com que o vinho se tornasse acessível de várias formas, aplicando margens de preço justas, que não fossem exorbitantes como outros restaurantes costumavam fazer, apresentando uma carta variada e de boa qualidade e oferecendo ainda um tratamento mais informal, nem por isso menos simpático”, explica Pablo como parte da receita de sucesso.
Além das mesas sem toalha ele também entendeu que precisaria harmonizar os petiscos, investindo na charcutaria e nos queijos, pero sem deixar a tradicional carne seca com aipim frito de fora, que ninguém é de ferro.
Aliado todas essas características, o Cabernet tem ainda uma decoração intimista e uma música de altíssimo nível, com setlist escolhido a dedo pelo próprio Pablo. Está, inclusive no Spotfy para quem quiser acessar, em Cabernet Butiquim.
Ou seja, o que já era bom, ficou melhor ainda com o a Garagem do Cab e seus drinks maravilhosos. Que a vacina avance e que a pandemia arrefeça seu poder nefasto para podermos, enfim, brindar despreocupados, entre vinhos e drinks.
FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS PELO CABERNET BUTIQUIM