Com implantação respeitosa no terreno e transformando adversidades em soluções, casa Cavalcante, do Bloco Arquitetos é puro charme e funcionalidade
INSTA: BLOCO ARQUITETOS
Quem já teve a oportunidade de visitar o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, sabe o tanto que o lugar é especial. Com canyons, montanhas, cachoeiras, uma vasta variedade de fauna e flora e um pôr do sol memorável, tudo ali parece mágico.
É nas adjacências desse parque que fica a casa Cavalcante, projeto do escritório Bloco Arquitetos, de Brasília, que foi pensada com a intenção de minimizar o impacto da edificação no seu entorno.
O projeto também foi atravessado pela limitada qualificação de mão-de-obra local, a enorme dificuldade de acesso ao terreno, o clima extremamente quente da região e o orçamento limitado. Pois foi exatamente esse combo de intenções e fatos, atrelados às características do que é criado pelo Bloco Arquitetura que permitiram à construção um charme muito particular.
O processo de construção teve duas etapas. A primeira utilizou elementos pré-fabricados remotamente e montados no canteiro, enquanto a segunda utilizou majoritariamente a mão-de-obra artesanal loca
A cobertura, que é a parte “semi-industrializada” da obra, tem macroestrutura feita com uma sequência modular de perfis-caixa metálicos, coberta por telhas termoacústicas. O uso do beiral prolongado permitiu uma espaçosa área perimetral à casa, servindo como circulação entre os cômodos e protegendo a casa da incidência direta do sol nos momentos mais quentes do dia.
Ambientes de longa permanência como quartos, cozinha e sala possuem ventilação cruzada constante e são protegidos da incidência direta do sol pelo brise com toras de eucalipto natural que, além de ser repelente de insetos, é uma árvore de fácil cultivo.
Na segunda etapa da obra, foram construídas as paredes perimetrais em tijolos de adobe feitos no local, com barro da região. Já as paredes internas foram erguidas com blocos tradicionais de 8 furos, facilitando a instalação das tubulações elétricas e hidráulicas.
A casa é levantada do solo por duas razões: para evitar a subida de animais rastejantes e para proteger as paredes de adobe contra o afloramento de água em estações de alto índice pluviométrico. Situada no cerrado, um bioma onde queimadas naturais ocorrem regularmente, qualquer edificação precisa do ‘aceiro’, uma espécie de cinturão onde há supressão de forração e espécies arbóreas de pequeno porte. A ausência de plantas ao redor da casa é, portanto, parte da estratégia de proteção contra incêndios.
Toda a energia elétrica da casa é fotovoltaica, produzida por um sistema “off grid”, através de placas solares instaladas em uma área ligeiramente afastada.
FOTOS – JOANA FRANÇA