O sal na arquitetura e no design

Apesar dos desafios, pesquisas com recursos naturais, como o sal, sugerem novas soluções para substituir materiais tradicionais na construção civil

Insta: LUMA Arles

Que o cloreto de sódio, mais conhecido como sal, é uma substância largamente utilizada, não é novidade. Abundante na natureza, ele tempera nossa comida, preserva ecossistemas locais, degela estradas e é vital em uma variedade de processos. Além de suas qualidades de apoio à vida, o sal é acessível, facilmente disponível, antibacteriano, resistente ao fogo, pode armazenar umidade e calor e é ótimo em refletir e difundir luz.

É sempre surpreendente pensar que o sal tem sido explorado por séculos em algumas partes do mundo, de forma crua, composta ou processada, como material de construção. Na última década, também surgiram novos usos, desde o sal processado usado em painéis de parede flexíveis e nos protótipos de fachada, até objetos impressos em 3D a partir de misturas de sal e amido.

Sim, há desafios. E assim como o sal poderia se tornar uma opção viável, um material do futuro, existem dificuldades que limitam seu uso, como o fato de ser naturalmente propenso a absorção de umidade, suscetível à erosão pelo vento e poder causar corrosão aos componentes metálicos usados em construção. Apesar dos desafios, há aplicações na construção em que o sal pode ser benéfico.

E um laboratório de design e pesquisa deu um passo adiante, usando processos de cristalização de sal para desenvolver aplicações inovadoras e fortalecer a histórica indústria de sal local. Sediada no vasto campus de Luma Arles, no sul da França, o Atelier Luma propõe uma nova maneira criativa de trabalhar com a cristalização de sal, revelando o potencial de um processo natural e circular no campo de arquitetura e design.

Desde 2017, a usina de cristalização do Atelier Luma se concentrou na criação de usos para o sal produzido pelos fabricantes de sal da região, desenvolvendo materiais que apresentam esse recurso local e mostram seus atributos físicos e estéticos. Usando quadros personalizados, a equipe produziu a primeira série de painéis de sal cristalizados cultivados localmente usando um sistema semelhante a uma fazenda, aproveitando a cristalização natural que ocorre nos campos de sal.

Transformando um material naturalmente abundante em uma escala arquitetônica, os profissionais conseguiram encontrar uma configuração para produzir mais de 4000 painéis exclusivos que foram usados como um sistema de revestimento em forma de vidro para a torre de Frank Gehry para Luma Arles. Cobrindo uma superfície de 560 metros quadrados, o projeto “Wall of Salt” representa a primeira aplicação em larga escala de sal como material de revestimento.

O projeto estrutural permite que cada painel individual seja removido e substituído quando necessário; Se danificado, eles podem ser recristalizados e restaurados novamente, colocando-os de volta na água da usinas de cristalização. Dessa forma, com uma extensa pesquisa e seguindo restrições específicas, os painéis de sal provaram ser uma solução inovadora capaz de reduzir cargas de calor, resistir ao fogo, adicionando um toque estético exclusivo e contribuindo para a sustentabilidade.

FOTOS – ADRIAN DEWEERDT & JOANA LUZ

DESTAQUES

Ouça nossas playlist em

LEIA MAIS

Te quero muito, verde

Paisagismo assinado por Flávia D´Urso para casa na Pampulha, em BH, apresenta detalhes meticulosos que enriquecem a arquitetura da casa

Terra fértil

Exposição de Nydia Negromonte, no Centro Cultural Unimed-BH Minas revela a curiosidade e a investigação do mundo feita pela artista

Bastidores

Na CASACOR Minas, uma das primeiras empresas a entrar em ação é a Detronic, responsável pela demolição controlada da alvenaria

plugins premium WordPress