Respeito à História

Passado e presente se misturam na intervenção feita pelos arquitetos André Braz e André Motta em casa no interior de Minas

Insta: ANDRÉ BRAZANDRÉ MOTTA

Uma casa cheia de bossa e, ao mesmo tempo, repleta de memórias, de um casal que queria construir um refúgio rural na pequena Calambau (MG), mas que acabou encontrando uma casa bem antiga à venda (provavelmente do final do século 19, localizada na praça principal da cidade. A intervenção nessa construção foi feita de forma muito respeitosa pelos arquitetos André Braz e André Motta. Eles resgataram vários pontos originais da casa, mas sem perder a essência de que seria um projeto novo.

Sempre que possível, foram utilizadas técnicas de construção tradicionais da região, e as intervenções totalmente novas também merecem destaque, como é o exemplo da cozinha, que agora é toda aberta e bem arejada, diferente do que era antigamente, uma vez que a família a utiliza com um espaço de lazer para aproveitar o seu tempo na casa.

A parede frontal da casa foi descascada revelando a estrutura de madeira original da casa e das janelas, além dos tijolos de adobe. O tijolo de adobe aparece também na parede da cozinha e varanda, porém com acabamento caiado.

O que foi feito de reparo e restauro, foi feito de acordo com as técnicas construtivas originais da casa ou da época da construção, além disso elementos numa linguagem compatível, mas com uso contemporâneo foram adicionados a casa, como os elementos em marcenaria, serralheria e alvenaria dos banheiros e da cozinha.

Já as intervenções mais marcantes e totalmente novas, tiveram uma outra prerrogativa, como por exemplo a cozinha, que é toda aberta e bem arejada, diferente do que era antigamente, uma vez que a família a utiliza com um espaço de lazer para aproveitar o seu tempo na casa.

A estrutura de madeira da cobertura nas áreas sociais foi mantida aparente e evidenciada com os forros de taquara executados entre os vãos das mesmas, dessa forma o pé direito alto é marcado na residência. Para trazer ainda mais aconchego foi feito um trabalho de argamassa branca no forro.

O piso de tábua corrida de madeira natural na sala, nos quartos e na cozinha traz a sensação de conforto. Na cozinha o piso é uma madeira de demolição antiga da mesma casa que foi demolida. Já nos demais ambientes o piso novo em Peroba Mica ganhou uma paginação com diferentes larguras de tábuas corridas. Mesmo sendo um piso novo foi criado uma paginação de diferentes larguras 20, 25 e 30cm.

Nos quartos foi criado um barrado de pintura na parte inferior da parede e na parte superior junto ao forro, remetendo às antigas construções, com cores fortes porém sóbrias e contrastantes entre si. Os forros dos quartos foram feitos em saia e camisa, técnica muito comum no passado onde as tábuas utilizadas no forro são sobrepostas gerando volumes com reentrâncias e protuberâncias numa padronagem “listrada”. Dessa forma foi criado um elemento de interesse no teto que deu mais textura e aconchego para os quartos.

Todas as janelas ganharam novas folhas de madeira e um fechamento extra em guilhotinas de vidro com molduras em madeira. Toda a serralheria foi feita tradicionalmente, sem utilizar alumínio nos banheiros ou nas esquadrias da cozinha, onde grandes portas a separam da área externa com essas folhas de serralheria com painéis de vidro que também deram uma cara mais vernacular e que criaram uma ligação total entre os ambientes.

Os clientes queriam que a cozinha tivesse uma cara de sala, bastante acolhedora. Dessa forma utilizamos a madeira no piso e o forro de taquara. As bancadas e armário foram executadas em cimento queimado natural e verde (remetendo a cor recorrente na casa, cor que é muito comum também em construções do período colonial, estilo da casa original).

A ampliação da área da casa, na parte da cozinha, foi feita com uma telha metálica em sanduíche para que garantisse um conforto térmico elevado, com baixo custo e pouca inclinação, o que garantiu que esta adição não “brigasse” com o telhado colonial ao lado.

Os mesmos materiais, que passaram então a marcar as intervenções mais contemporâneas, foram utilizados na edícula na parte superior do lote, o elemento que dá a amarração entre elas é a forma com as águas do telhado bem definidas e a cor verde da fachada. O projeto de iluminação foi pensado sempre no conforto do usuário, com uso de luminárias decorativas como principal forma de iluminação e alguns spots para alguns pontos de foco. Misturando peças antigas, peças contemporâneas, peças em palha.

FOTOS – EVELYN MULLER

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