Restauro precioso

Projeto BomSerá, do Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto, restaura casas do século XVIII e entrega para seus proprietários.

Insta: IA

Na Ouro Preto do século XVIII, era comum a construção de casas encostadas umas nas outras a partir de uma única estrutura, dividida em várias residências. Famílias viviam misturadas e, do desejo de uma convivência harmoniosa surgiu a saudação Bom será!

Muitas dessas casas estavam ali, sem reforma, desde o início do século passado, ou até antes. Recentemente, o projeto batizado com o sugestivo nome de BomSerá, realizado pelo IA, Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto entregou para as famílias proprietárias três dessas casas, do século XVIII e XIX restauradas. São casas que pertencem a famílias de baixa renda que, até então, viviam sob construções deterioradas e inseguras.

O Bom Será tem a proposta de colaborar com a preservação de imóveis tombados, numa ação que estimula a autonomia e pertencimento da comunidade sobre seu próprio patrimônio. Nessa empreitada, o projeto contratou, em 2022, mais de 55 profissionais, além de ter formado outros 132.

Também estiveram envolvidos 32 jovens agentes da cultura e do patrimônio, estudantes do ensino médio e 905 professores que participaram do programa educativo. Aliada ao valor cultural, a restauração amplia osenso de cidadania dos participantes, reforçando o sentido de lar às casas e promovendo sensibilização sobre preservação e aspectos históricos da cidade.

É estimulante também o canteiro de obras do BomSerá, onde cerca de 80% das pessoas trabalhadoras são mulheres. “Nós temos um número considerável de mulheres, participantes desse projeto, que se qualificam para realizar os restauros em suas próprias casas, além de ser uma formação que permite inserção no mercado de trabalho”, destaca Bel Gurgel, diretora artística do IA – Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto.

“O BomSerá envolve as famílias em todo projeto, participando das oficinas, do levantamento das memórias, feito pelo educativo, entendendo que elas são parte do patrimônio. Também confere a dignidade que uma casa restaurada a toda uma geração e seus descendentes.  Existe essa troca, esse aprendizado mútuo, entre o IA e essas pessoas”, afirma Bel Gurgel.

O projeto busca solucionar um grave problema de Ouro Preto. Com aproximadamente 80 mil moradores, a cidade tem muitos dos desafios dos grandes centros urbanos, mas agravados pela necessidade de preservação e manutenção das características originais dos casarios.

Por um lado, há a necessidade constante de resguardar as características arquitetônicas e históricas das casas, para que possam contribuir com a manutenção do título de Patrimônio Cultural da Humanidade. E por outro, garantir que sejam capazes de assegurar o bem-estar social das famílias, colaborando assim para o bem-comum da cidade.          

As obras foram patrocinadas pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Além disso, contaram com apoio de profissionais do Curso Superior de Conservação e Restauro do IFMG – Instituto Federal de Minas Gerais, uma parceria com o objetivo de preservar as características construtivas históricas e culturais das habitações, mantendo a segurança dos moradores, pertencentes a famílias de baixa renda que, até então, viviam sob construções deterioradas e inseguras.

FOTOS – LUCAS DE GODOY

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