Retrofite-se

Empreendimento do Grupo EPO, Espaço 356 é exemplo presente para o futuro: sem destruir, aproveitou construção antiga para novo uso

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Por que amou, por que almou, se sabia proibido passear sentimentos? Esse recorte do poema Amar-Amaro, de Carlos Drummond de Andrade, pulou na página para que pudéssemos refletir em outras instâncias: por que retrofitou? Retrofit, técnica de revitalização de construções antigas, adaptando-a a novos usos, bem que podia ser incorporada à vida: não é necessário destruir uma história para começar algo novo. É muito bom quando aproveitamos os alicerces, a base, os detalhes e tudo o mais que já está construído para simplesmente mudar, melhorando sempre, descobrindo novos caminhos.

Foi o que fizeram no Espaço 356, nobre palco da 29ª CASACOR Minas.

Projetado pela BLOC Arquitetura, a concepção arquitetônica do empreendimento foi pautada no retrofit da estrutura existente, antes ocupada por um motel. Sua modulação foi aproveitada e adaptada para um uso novo, requalificando não só o edifício, mas toda a região. O projeto também valoriza a Serra do Curral e a Estação Ecológica do Cercadinho, que podem ser vistas e apreciadas da esplanada do empreendimento.

O conceito do Espaço 356 é de living center, aliás, o primeiro em Minas Gerais. Em um mesmo local, estão reunidos, lazer, bem-estar em família, entretenimento, esportes, eventos, cultura, conveniência, compras e serviços. Alexandre Nagazawa, sócio-diretor da BLOC, conta que, com a total reutilização da estrutura construída, foi evidenciado no projeto o que há de mais expressivo na edificação: a trama estrutural existente, escondida por paredes ao longo de todo o antigo edifício. “Descortinamos essa estrutura, reconfigurando todo o fluxo de circulação interno. Assim, foi possível abrir o interior do edifício todo para fora, criar módulos de lojas e corredores com agradáveis ambiências, espaços de convivência abertos, iluminados naturalmente e com muita natureza e verde cercando tudo e todos, fugindo da ambiência tradicional dos shoppings desumanizados e sem expressão”, comenta.

A arquiteta Isabela Vecci, responsável pelo detalhamento e projeto de interior do 356, lembra que o principal desafio foi pegar uma edificação que estava subutilizada e transformá-la em um lugar focado em experiência: “Para o Espaço 356 se tornar realidade, fizemos um trabalho de escuta, vivência e muitas pesquisas foram encomendadas no setor de varejo e construção. Estive em Berlim, na Alemanha, em um empreendimento similar para ver de perto quais eram as posturas construtivas deles e as simbologias.”

 Além do retrofit, o Espaço 356 tem o conceito de urban jungle, que inclui plantas e elementos ligados ao meio ambiente na decoração. “O objetivo é trazer um clima de natureza para dentro da edificação, proporcionando uma sensação de aconchego e bem-estar. Uma tendência comportamental que as pessoas têm buscado ultimamente”, explica Isabela. Ela destaca que cada canto do projeto possui uma singularidade que foi valorizada: “Cada rua tem uma peculiaridade. Uma é mais introspectiva com menos vista, outra é ampla e com vista total, outra tem um pôr do sol interessante.  O nosso projeto permite que o comportamento e a interação das pessoas sejam diferentes em cada espaço”.

O resultado desse esforço, além de perceptível por quem visita a CASACOR Minas deste ano, é que ele também foi bastante elogiado e aprovado com louvor pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. “O empreendimento passou pela aprovação do Patrimônio Histórico por estar num terreno influenciado pela Serra do Curral com grandes restrições de ocupação. A serra é um bem muito importante para a cidade, que deve ser respeitado, preservado e valorizado”, comenta Nagazawa.

Para valorizar a vista privilegiada de Belo Horizonte, o projeto ganhou uma grande esplanada e rooftop cercada de verde. O local possui mobiliário urbano e uma arquibancada voltada para vista e para a esplanada criada. “As grandes metrópoles estão perdendo essa característica de ter lugares para as pessoas se aconchegarem, seja para descansar, parar para respirar, conversar, ver o movimento, ou, simplesmente, admirar a paisagem. Isso cria identificação com o ambiente e desperta a sensação de pertencimento, de que aquele lugar é seu e para o seu conforto. Ressaltamos isso no projeto do Espaço 356”, complementa Nagazawa.

PAISAGISMO

Outro destaque do empreendimento é o projeto paisagístico assinado por Felipe Fontes. A principal característica que Felipe e a BLOC buscaram valorizar no Espaço 356 é a de um verde que tomasse conta de tudo, com árvores, arbustos, flores, um jardim com ideal naturalista, permeando todo o complexo, adaptado ao contexto e que celebra as melhores qualidades do bioma onde está inserido: a Mata Atlântica em transição para o Cerrado.

Felipe Fontes explica que, em simbiose com a arquitetura que o dá suporte e aos conceitos do empreendimento, o projeto paisagístico garante uma atmosfera contemporânea que, como consequência da sua especificação botânica diferenciada, marcará as quatro estações do ano. “Assim como ocorre na natureza, queremos gerar surpresas aos visitantes do espaço: árvores, arbustos, capins, ervas e flores terão a oportunidade de mostrar suas texturas e aromas distintos, atraindo a fauna e as pessoas que buscam a biofilia que tem como objetivo conectar pessoas e natureza, promovendo bem-estar e conforto emocional”, empolga-se Felipe Fontes.

Ao sediar a CASACOR Minas deste ano, o Espaço 356 se apresenta ao público com os encantos da mostra que atrai um público expressivo, interessado principalmente em arquitetura, design, paisagismo e arte, o novo living-center já é um marco na história de Belo Horizonte.

FOTOS: JOMAR BRAGANÇA

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