Arquitetura do Capitão Leitão, em BH, tem total sintonia com os sabores inusitados e autorais que o bar/ restaurante oferece
Insta: CAPITÃO LEITÃO – CRISTÓVÃO LARUÇA
Que o bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, tem um charme todo especial, isso está claro para quem o frequenta ou, pelo menos, já o visitou. Sua veia boêmia e cultural passa por muitas histórias, que podem ser inspiradas pelo o Clube da Esquina ou pulsantes como o Sepultura, banda de metal que saiu dali e conquistou o mundo.
A região também é conhecida pela gastronomia que oferece. Entre bares e restaurantes, o Capitão Leitão se destaca não só pelos sabores inusitados e com uma dose provocativa de irreverência, apresentando a veia autoral do Chef Laruça, como pela pegada contemporânea que vai dos pratos à arquitetura do espaço.
A proposta híbrida de bar e restaurante vem carregada de frescor: tanto em sua gastronomia única, sob medida para um público ávido por novidades, como pela surpreendente forma de apresentar uma tradição secular portuguesa, o Leitão à Bairrada, de forma inovadora, leve e muito alinhada com os tempos atuais.
O projeto do Capitão Leitão soma com a mesma descontração, responsável pelo clima vibrante entre as mesas que, para um bom observador, dão a sensação de serem, todas, rodas de boas conversas.
Instalado em uma esquina pacata, no lugar onde antes funcionava uma oficina mecânica, não há limites entre o que é fora e o que é dentro: a calçada é parte do todo e a rua arborizada participa do ambiente.
Durante a reforma, em meio à dúvida de qual seria revestimento interno, foi o olhar atento de Laruça que apontou para a solução. Ele percebeu que um pedaço sem reboco de uma casa próxima denunciava o sistema construtivo da época (há cerca de 60 anos) e descobriu assim, que suas paredes também eram de tijolo. E assim foi resolvida a questão do revestimento: a alvenaria exposta virou a grande estrela da casa. Agregando ainda mais charme do tijolinho, foi feito um trabalho de proteção das vigas, para que apenas ele, mas não as ferragens ficassem aparentes.
No chão, a decisão foi por manter o piso original, um ladrilho hidráulico surrado pelo tempo que, para Laruça, investia o lugar com alma, pelas histórias que, de alguma forma, ele conta até hoje. Externamente, um remanescente lambri de pedras pintadas ficou fora do contexto estético e, por isso, as pedras foram substituídas por ladrilhos hidráulicos azuis, de acordo com a paleta predominante.
E, por nada ali ter sido feito ao acaso, a disposição do balcão do bar, de frente para a cozinha conferiu a ele também ares gastronômicos, não só pela conversa estratégica entre os dois. É que os drinks que a casa serve incluem clássicos e autorais bastante especiais, deixando a atmosfera do lugar ainda mais interessante.
É assim que Cristóvão Laruça, português radicado em Belo Horizonte, põe sua assinatura singular no que faz, como se fosse um diretor criativo executando as ideias que não param de lhe ocorrer. Para ele, as coisas têm que fazer sentido, tem que ter uma intenção.
Que o diga, inclusive, o menu degustação, uma experiência completa que inclui 10 criações – com sete petiscos, dois pratos e uma sobremesa – para que o cliente tenha a oportunidade de participar de uma verdadeira imersão pelo conceito do Capitão Leitão. A experiência começa exaltando a veia autoral de cozinha contemporânea, apresentando diversas criações do chef e é finalizada com a tradição, convidando o público a experimentar a versão de Cristóvão para o típico Leitão à Bairrada, deliciosamente preparado no forno à lenha.
Da calçada tranquila às iguarias, da parede de tijolinho ao forno à vista de todos, construído como na região da Bairrada, em Portugal, tudo é deliciosamente cheio das melhores intenções de Laruça.