Casa Café, projeto da Tetro Arquitetura, busca uma conexão entre o lugar e os moradores, seus hábitos e seus interesses
Insta: Tetro Arquitetura
Em uma região de cerrado, no interior do estado de Minas Gerais, esta casa, batizada pela Tetro Arquitetura de Casa Café tem uma localização peculiar: é um lugar de paisagem rural, onde predomina a imagem da terra vermelha e dos troncos retorcidos das árvores. Como em todo território mineiro, é uma região onde o café é um convite para uma longa conversa.
Para os arquitetos Carlos Maia, Débora Mendes e Igor Macedo, à frente da Tetro Arquitetura, o caminho escolhido para encontrar as respostas para a criação dos conceitos de design da casa se deu a partir do exercício de pensar uma arquitetura que interpretasse o contexto em que ela está inserida, fazendo uma leitura sensível sobre o lugar, a cultura e as pessoas que vão habitar o espaço.
Assim, o projeto buscou um entendimento e uma conexão entre o lugar e os moradores, seus hábitos e seus interesses. Nesse sentido, entender o quanto o café é uma bebida importante para os futuros moradores fez surgir a seguinte pergunta: Como fazer um projeto que representasse em seus conceitos, de uma forma subjetiva, as características do café?
Buscando referencias na própria bebida
A qualidade do café é muito impactada pelas características da terra e do clima onde é cultivado. Além disso, a bebida talvez seja a que mais tenha relação com o ar, sendo reconhecida por seu aroma. Nesse sentido, terra e ar foram as grandes inspirações.
Peso e leveza. Dessa forma, a materialização desse conceito se deu através da criação de dois elementos principais que representam esse contraste. As grossas paredes laterais em concreto pigmentado remetem à terra e as duas lajes finas, brancas e curvas que “flutuam” sobre a casa fazem referência ao ar. São como duas folhas de papel pousadas sobre as paredes que parecem brotar do chão.
O programa da casa foi dividido em dois blocos sob as lajes curvas: o social e o íntimo. Para circular entre um bloco e outro foi criado um corredor entre duas paredes de terra. Este espaço é uma preparação para transitar entre as duas atmosferas distintas da casa.
A casa, com 257m² de área construída, ao mesmo tempo em que estabeleceu uma conexão com os moradores, foi uma resposta à leitura sobre o lugar. As paredes de terra direcionam para a vista. O terreno se mantém intocado e a topografia permanece a mesma. As árvores não foram cortadas e, agora, estabelecem novas relações com os volumes construídos. Estes foram implantados nas cotas originais do terreno e entre eles se desenvolveu um jardim escalonado.
O projeto buscou compreender como a arquitetura pode, através de uma linguagem poética, fazer conexões entre moradores e casa e criar símbolos que remetam à cultura do lugar ou das pessoas que vão habitar o espaço.
FOTOS – LUISA LAGE