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Exposição de Nydia Negromonte, no Centro Cultural Unimed-BH Minas revela a curiosidade e a investigação do mundo feita pela artista

Insta: NYDIA NEGROMONTEMTC CULTURA

Nydia Negromonte tem realizado importantes mostras individuais e coletivas em instituições e galerias do Brasil, Espanha, Argentina, Venezuela e Peru. A exposição inédita na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, “Desenhos são como sementes debaixo de tudo” foi pensada especialmente para o espaço.

Em todos os trabalhos há um ponto em comum: a curiosidade e a investigação do mundo por meio do desenho. “Trata-se de uma concepção alargada de desenho, que, nesse caso, é muito mais que um recurso gráfico: desenho como devir, um processo lento em que os elementos que são postos em contato acabam se transformando mutuamente” comenta a curadora Mariana Leme.

A mostra é um convite para vislumbrar o mundo como Nydia faz, com interesse. “Na exposição, todas as obras — assim como todas as coisas do mundo — estabelecem uma relação entre si e também entre elas e o público. A depender do interesse de cada um, novas camadas de sentido poderão se desvelar, sem que haja uma mensagem fechada, inequívoca”, diz Mariana.

Na exposição, há desenhos de espirais e sombras coloridas. Outros são feitos com a acumulação de papel translúcido, criando relevos ao mesmo tempo sutis e imponentes. Recortes de uma antiga fotografia desestabilizam a cena, em que se vê duas crianças, dois adultos, um enorme coelho e as peles de outros. Finalmente, não se vê mais ninguém naquele cenário. Num segundo slide-matriz, vemos as pessoas numa praça e igualmente a colagem de fragmentos altera a disposição dos elementos, criando histórias insólitas. O que existe é a impermanência.

Os desenhos ‒ sobre papel, mas não apenas ‒ são também uma espécie de grau zero das coisas: já não as representam, mas extraem delas algo de fundamental. Uma forma, um espaço negativo, um volume de ar. Outro desenho é formado por centenas de pinhas, como um corpo estranho. No espaço da galeria parece se formar um inventário de mundo, que resulta num equilíbrio delicado entre os materiais que se tocam, entre as superfícies e o ar, entre nós e os objetos.

Há alguns anos, a artista deparou-se com uma série de livros didáticos dos anos 1960 e percebeu que, em seu trabalho, já havia respondido muitas das questões colocadas ali. O pequeno cientista foi escrito por Maria Blandina M. de Melo e por Elza de Moura, essa última, vizinha do ateliê de Nydia. Às crianças, elas propunham que observassem o mundo e que desenhassem: coisas quentes, coisas frias, água aerada depois de ser fervida, um dia de ventania.

Assim como o ar e a água, os trabalhos de Nydia Negromonte são, ao mesmo tempo, genéricos e específicos: todos os rios e oceanos são feitos de água, mas cada um é particular. Na verdade, há um sistema de relações impermanentes e é impossível captar o momento exato de seu começo. Mas a semente está lá.’ (trecho do texto de Mariana Leme

Serviço:

Desenhos são como sementes debaixo de tudo, de Nydia Negromonte
Data: 19/9 a 24/11
Horário: terça-feira a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h.
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas Entrada franca

FOTOS – DANIEL PINHO

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